dor no cotovelo

EPICONDILITE LATERAL DE COTOVELO

 

DEFINIÇÃO:

A epicondilite lateral ou também conhecida como “cotovelo do tenista”, é uma síndrome dolorosa localizada na porção lateral do cotovelo. Seu nome epicondilite não está de tudo correto , pois não foi encontrado em estudos, processo inflamatório ao nivel da inserção tendínea, mas sim alteração de aspecto degenerativo , porém convencionou-se chamar esta patologia de epicondilite.

 

INCIDÊNCIA:

A epicondilite lateral ocorre igualmente em ambos os sexos , sendo mais frequente em brancos.
Alguns autores acreditam ter dois grupos de indivíduos em que esta patologia mais ocorre. O primeiro deles são atletas jovens ( cerca de 5% dos casos ), que devido algumas atividades ( tênis ; golfe ; etc ), as quais levam a sobrecarga por sobreuso dos tendões ao nível do cotovelo, geram a patologia. O segundo grupo e bem mais frequente, são os grupos de trabalhadores que exercem esforços repetitivos e sobrecarga desta região, gerando a epicondilite lateral do cotovelo.
A faixa etária deste segundo grupo mais acometido situa-se entre 35 e 55 anos de idade,  sendo os sintomas de início insidioso , ou seja , a dor vai ficando cada vez mais intensa com o passar dos dias.

 

ANATOMIA BÁSICA LOCAL:

O epicondilo lateral é facilmente identificado na superfície do cotovelo. É a proeminência óssea que pode ser facilmente palpada na face lateral do cotovelo, local este que é a origem de vários músculos e do ligamento colateral lateral do cotovelo.
Só a termos de curiosidade , os músculos presentes que tem origem no epicondilo lateral são: Extensor radial curto do carpo ; extensor dos dedos ; supinador ; extensor radial longo do carpo. Apesar de originar no epicondilo lateral o extensor radial longo do carpo e o supinador não estão envolvidos no acometimento que levam à espicondilite lateral do cotovelo.

 

FISIOPATOLOGIA:

Várias teorias foram propostas para explicar o que ocorre de fato como fator causador da epicondilite lateral do cotovelo.
A teoria mais aceita hoje em dia foi a proposta por Nirschl e Pettrone, que a propôs em 1979, descrevendo o acometimento dos tendões do extensor radial curto do carpo e extensor dos dedos. Através deste autores, foi demonstrado tanto macroscopicamente quanto microscopicamente que não ocorre de fato um processo inflamatório, mas sim um processo de degeneração na origem destes tendões devido a tração contínua de repetição com consequente microrrupturas da origem destes tendões.

 

QUADRO CLÍNICO:

Como em tudo na medicina, uma boa história clínica associado a um bom exame físico é capaz de fazer ou prever o diagnóstico.
Na história clínica, o paciente refere dor na face lateral do cotovelo, mais comumente localizada na porção anterior do epicondilo lateral, embora possa se localizar posterior a essa proeminência óssea. A dor em trabalhadores que fazem movimentos repetitivos é insidiosa, sendo leve de inicio e intensificando a medida que os dias passam, podendo trazer dificuldades e até impossibilidade de executar tarefas que até então eram simples e básicas do dia-dia tais como: segurar um copo, escovar os dentes, abrir a porta, entre outras.
Geralmente nos atletas jovens, a dor tem início mais repentino e de rápida evolução.

 

EXAME FÍSICO:

Existem nesta fase, alguns testes físicos e palpação que se positivos são capazes de praticamente selar o diagnóstico de epicondilite lateral de cotovelo. São eles:
Palpação mais anterior do epicondilo lateral traduzindo em manifestação de dor pelo paciente.
Teste de Cozen: Extensão do punho contra resistência imposta pelo examinador com o cotovelo fletido a 90º e o antebraço em pronação, gerando dor no epicondilo lateral.
Teste de Mill: Cotovelo em extenão , mão fechada e punho em dorsoflexão contra resistência do examinador gerando dor no epicondilo lateral.
Chair test: Paciente orientado, com o punho em flexão palmar e antebraço em pronação, a erguer uma cadeira. Dor no epicondilo lateral é certo de ser epicondilite lateral.
Maudsley test: Dor a extensão contra resistência do dedo médio, gerando dor no epicondilo lateral, também é sugestivo de epicondilite lateral do cotovelo.

 

EXAMES COMPLEMENTARES:

Como o próprio nome diz, são exames complementares. Vão complementar uma hipótese diagnóstica após uma boa anamnese ( história clínica ) e um bom exame físico, para não corrermos o risco de tratar o exame e não tratar o paciente. O exame complementar só tem validade se complementar a hipótese diagnóstica aventada após estas duas partes iniciais.

Rx de cotovelo : São de pouco auxílio no diagnóstico de epicondilite lateral de cotovelo, mas servem para descartar outras patologias locais. Cerca de 22% dos indivíduos podem apresentar calcificação no epicôndilo lateral, mas sem afetar o prognóstico ( estimativa de como vai evoluir o problema ) da patologia.

Ultrassom: O ultrassom, por ser um exame que avalia partes moles, é um exame importante para diagnóstico de epicondilite lateral.

Ressonância Magnética de cotovelo : É um excelente exame para diagnóstico de epicondilite lateral de cotovelo, tendo uma sensibilidade maior que o ultrassom, porém devido seu alto custo e não ser extremamente necessário para o diagnóstico, visto que o ultrassom apresenta a mesma especificidade da ressonância magnética nesses casos, reservamos o seu uso para casos sintomáticos em que o Ultrassom não evidenciou alteração.

Eletroneuromiografia de Membros superiores: Exame utilizado para avaliação de nervos. Embora não seja diretamente utilizado para diagnosticar epicondilite lateral do cotovelo, este exame avalia a possibilidade de coexistência de outra patologia que é a compressão do nervo interósseo posterior. Este nervo é um ramo do nervo radial que se divide ao nível do cotovelo, e que pode ser comprimido neste local, levando a dor em região semelhante à epicondilite lateral. Sabe-se que pode coexistir, no mesmo paciente, epicondilite lateral de cotovelo e compressão do nervo interósseo posterior.

 

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS:

Existem algumas patologias que devem ser colocadas no rol de diagnósticos diferenciais com epicondilite lateral de cotovelo. São elas:

Síndrome do musculo supinador ; compressão do nervo interósseo posterior ; Sinovite do cotovelo ; Bursite do cotovelo ; gota , entre outras…

 

TRATAMENTO:

O tratamento varia de conservador, ou seja, sem necessidade de tratamento cirúrgico e o próprio tratamento cirúrgico.

As medidas tidas como tratamento conservador, são sempre a primeira opção de tratamento e incluem: Repouso relativo e posterior adequação do esforço; Analgésicos, sendo uso de antiinflamatórios controverso por não haver de fato um processo inflamatório ; Fisioterapia ; Infiltração de corticóide com anestésico, Infiltração com toxina botulínica; Terapia por ondas de choque, embora exista pouca evidência real desta última modalidade de tratamento.
Na falha do tratamento conservador é indicado tratamento cirúrgico. As técnicas cirurgicas podem ser: Cirurgia aberta e Cirurgia por videoartroscopia, com bons resultados em grande parte das vezes , porém utilizada apenas na falha de tratamento conservador.

COMPARTILHE ESTE POST

Facebook
IMPRIMIR
Email
WhatsApp